segunda-feira, 16 de março de 2009

Pense num dia tranquilo

mais fotos do dia no orkut: http://www.orkut.com.br/Main#AlbumList.aspx?uid=17639962751527810829

quinta-feira, 12 de março de 2009

Entrelinhas do óbvio

publicado no caderno Vestibular do jornal A Tarde
por lívia corrêa

Somente depois de uns sete anos dando aulas de redação e literatura para o vestibular, tive um insight: o mais difícil para o pré-vestibulando não é passar ou perder, mas aceitar que vai fazer vestibular. Passar ou perder duram apenas alguns segundos. É o espaço de tempo gasto na leitura de uma linha – ou da ausência dela. Aliás, passar ou perder são conseqüências dessa aceitação, que é um processo muito mais longo, complexo e sutil.

Até o momento em que somos pressionados a decidir que opção profissional escolher, parece que “a coisa” não está exatamente acontecendo. Geralmente esse é um processo totalmente inconsciente. A gente sabe o que tem que ser feito para chegar até onde estão os nossos desejos, mas por algum motivo nos dispersamos. Difícil começar a meter a mão na massa. Às vezes demora meses para começar a entender. Às vezes demora anos. É preciso reconhecer o óbvio para poder internalizá-lo, dominá-lo e ultrapassá-lo.

É nas entrelinhas desse óbvio que a gente percebe a diferença entre um aluno e outro. Um lê que o samba é tristeza que balança e pensa “pois é”. O outro lê a mesma coisa, começa a ouvir os velhos sambistas, aprende a sambar, percebe o conflito entre classes, a brasilidade, a mercantilização de nossas origens, escreve um sambinha, compõe. Enquanto um olha, o outro mete a mão na cuíca.

O que difere um do outro? Qual deles está mais preparado? Por quê? Como começar o processo? Há uma fórmula que garanta uma vaga numa boa universidade? Afinal, quais são as expectativas das universidades com relação aos alunos?

Essa coluna é pra responder com entrelinhas as perguntas que, embora óbvias, parecem guardar as chaves que abrem os portões do inferno ou do paraíso. Esta é uma coluna inteirinha só de entrelinhas. É para tentar responder as perguntas que, de tão simples e repetitivas, parecem não ter respostas convincentes.

foto_joana_giron


quarta-feira, 11 de março de 2009

Poetic Pill

Um dia após ao outro
por Flávio Assis

Não anseio a pluma cálida
Das quartas de cinzas
Do teu carnaval?
Nem a máscara da furria


Não anseio teus olhos
Enleio e desfortúnio
Tudo fita, tudo vaza
Talim à espada fria


Não anseio teus gestos
Hora intrépidos, hora blasé
Tua mão não acena
Mas tudo desatina


Anseio sim!
O visceral da tua liça
O puro espúrio da carne
Lancinando sem garantias


Anseio sim!
Músculos em espasmos
Poésis em tempestade
Quanto ao devir?


Nem o átimo dos teus dias!

sexta-feira, 6 de março de 2009

Poetic pill

Fases da lua em mim
talvez um não ou sim
levando a vida nesse
vai-não-vai

Israel

Escuta aqui ;)

Coesão é expressão, pensamento, crítica, conexão, posicionamento. Todo dia a gente fala, conversa, troca idéia. Aula boa é assim. E foi numa dessas que surgiu o texto de nossa querida Carol, uma reflexão sobre as idas e vindas da folia baiana. Pegue sua pipoca e bon apetit!

“We are Carnaval”?

por Carolina Magalhães Costa

No carnaval de Salvador, todos se transformam, pulam e se contagiam como diz a música: “Vai compreender que o baiano é / um povo a mais de mil / Ele tem Deus no seu coração / E o diabo no quadril / We are carnaval”. Essa afirmação é continuamente vinculada na mídia, vendedora de nossos estereótipos para exportação. Mas afinal, somos mesmo carnaval? E se formos, o que seria o carnaval baiano?

Antes de afirmar o ser ou não ser, primeiro é necessário analisar o carnaval ocultado pela mídia. Na realidade, o que se vê nas ruas da folia baiana são as desigualdades presentes não só no Nordeste, mas também em todo o Brasil. Assim como no coditiano, estar em um curral – que seria os condomínios luxuosos no dia-a-dia, bem como os blocos e camarotes no carnaval – é sinal de prestígio, beleza e sucesso. Por outro lado, mais uma vez a população carente fica responsável pela “segurança”, os cordeiros, ou pela confusa explosão de milhos, a pipoca. Cuidado então com a pipoca! Para ela ser o que é, foi preciso muita briga, quentura e confusão. Pena que essa pipoca não tem nem manteiga. Afinal, se houvesse esse tempero, a pipoca ficaria saborosa e todos iriam se servir. E assim aconteceria algo que não pode acontecer: uma fuga do cotidiano!

É bem verdade que, no carnaval, entre uma explosão e outra, pode-se achar um pouco de sal – tempero mais barato – e começar a gostar da tal pipoca. Esse sal é a espontaneidade; os afoxés, que lutam todo ano para não continuar marginalizados nem dormir por sair tão tarde; o Arrastão, na quarta de Cinzas, que transforma em fênix aqueles que trabalham durante o fluxo dos currais; o bloco independente e a felicidade. Mas não se engane, esse tal sal não é a alegria homogênea vendida pela mídia, não é o nativo brincando de ser feliz para gringo ver e tentar comprar. Esse sal é justo o contrário, é a diversidade, a genuinidade e a liberdade. É isso que o torna tão especial e, principalmente, barato. Afinal, quem seria louco de valorizar tempero tão saboroso e, ao mesmo tempo, tão perigoso? Como dizem por aí: “O caro que é o bom”. Contudo, é bom lembrar que, assim como a água, esse sal é essencial e mais precioso que o vinho (neste caso, que a manteiga).

O carnaval precisa sofrer algumas mudanças. Talvez esteja na hora de, como disse um historiador da UFBA, ‘democratizar a alegria” (só espero que seja uma democracia diferente da que ocorre na política brasileira). Talvez assim o sal se multiplicaria e, quem sabe, se transformaria em manteiga até que todos se servissem e fugissem do cotidiano. Mas enquanto isso não acontece, fica a frase: “ser ou não ser, eis a questão”.